Testo critico

Versione stampabilePDF version

 
As graves coitas, a quen as Deus dar
quer e o mal d’amor, gran ben faria
se lhe desse (pero non lhe daria)
con quen ousasse en sas coitas falar,
en tal guisa que lho non entendesse                        5
con quen as falass’e que se doesse
d’el, mais non sei de Deus se poderia.

Pero sei ben, aquant’é meu coidar,
a quen esto desse, ca lhe daria
máis longa vida e que lhi faria                                  10
daquelas coitas aver máis vagar,
e non sei al per que sén non perdesse
que máis ouvesse, e cedo non morresse;
e per esto cuido que viveria.

Destas coitas eu podia falar                                      15
come quen as padece cada dia,
mais non é tempo ja, nen me valria.
Mais guarde-se quen se poder guardar
e non s’esforç’en senhor que prendesse,
a melhor, nen que melhor parecesse                        20
deste mundo, ca peor lhi faria.

En tan grave dia senhor filhei
a que nunca “senhor” chamar ousei.

D’esta coita nunca eu vi maior:
morrer e non lh’ousar dizer “senhor!”,                        25

ca, de pran, morro, querendolhe ben,
pero non lh’ous’én dizer nulha ren,

ca dize’lho cuidei ou a morrer,
e poi-la vi non lh’ousei ren dizer,

ca por mia prol máis tenho de morrer.                        30

4 ousasse sas B 6 queno falasse A; dosse B 12 se non B 13 sse as ouuesse B 15 [...]estas: lettera miniata assente 17 ia me valrria A; valiria B 18 pode B 28 oa morrer A; oia moirer B

 
 
v. 4: la variante ousasse sas è equipollente a quella da me accolta a testo, a mio avviso preferibile poiché, pur essendo il verbo falar sia transitivo che intransitivo, il verbo regge con maggiore frequenza, nella lirica profana galego-portoghese, il complemento indiretto introdotto dalla preposizione de o en (cfr. http://glossa.gal/glosario/busca?texto=falar). Correia legge onsasse nel manoscritto B.
v. 6: la variante o, accolta da Correia, è equipollente a quella da me edita, a mio avviso preferibile poichè il pronome personale as, con funzione di complemento diretto, si riferisce a sas coitas del quarto verso immediatamente precedente.
v. 12-13: le varianti di B sono da considerarsi lectiones faciliores in primo luogo per ragioni semantiche, infatti come spiega Correia, "é mais frequente encontrar referências a um possível sofrimento amoroso do que à ideia de este levar à perda do juízo por muito que ele seja", e prosegue dicendo che ciò "apresenta o inconveniente de não atender completamente ao sentido que me parece dever dar aos versos 10 e 11. Ou seja, estando o sujeito a falar dos benefícios que poderia receber um amante em sofrimento ("ca lhe daria / mais longa vida e que lhi faria / daquelas coitas aver mais vagar"), carece de pertinência a condição de o amante sofrer ("se as [coitas] ouvesse") que a lição de B oferece"; in secondo luogo per ragioni più strettamente sintattiche: è difficilior rendere la costruzione di una concessiva piuttosto che di una completiva. Inoltre trovo inutile l’intervento di Michaëlis al v. 13: l’emendamento que<n> è accettabile da un punto di vista semantico ma è superfluo, poiché nella lirica profana galego-portoghese si riscontra che que ha spesso lo stesso valore che la studiosa ha voluto attribuire alla proposizione (cfr. http://glossa.gal/glosario/termo/2831?resaltar=que&literal=false#uso-2).
v. 19: il verso è stato ricostruito tramite B, poiché la carta 43 del codice A è danneggiata e ne ha impedito la lettura.
v. 28: seguendo la proposta di Michaëlis ho emendato o<u> poiché, come spiega Correia “em A, a letra "o" poderá corresponder a um castelhanismo de que há, no cancioneiro, outros exemplos (por exemplo, A44: "o[u] eu cuidasse"; B: "ou eu cuidasse"). C. Michaëlis deu conta desta prática restrita no Glossário (verbete "acorde[i]-me"): "As rarissimas formas verbaes grafadas com e (ê) por ei e eu, e com o (=ô) por ou (por. ex. dire, penso, nego-o) talvez sejam meros lapsos de escrita...". Em B, um nexo demasiado próximo entre as letras "o" e "u" poderá ter levado o copista a ler oi".